segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Acho que estou louco, muito louco...

Mais uma vez, querendo atualizar o blog, convidei o Paulo, vulgo Patux, para atualizar o meu blog... e ele de prontidão aceitou, na mesma situação que postei uma vez no dele... postagens simultaneas. Então, caso vá ao blog do Patux , verá tambem esse excelente texto. Urso, obrigada pelo texto e por aceitar atualizar meu blog!!
Deliciem-se!
________________________



Esta manhã acordei e percebi que estava muito, muito louco!! Eu não entendia nada direito. Você não acreditaria nas coisas que ouvi e vivi. Puxa! Foi um dia num mundo muito estranho. Mas não precisa se assustar. Apesar de parecer que era de verdade, eu acho que não era. Vou tentar contar como foi...


Antes de sair de casa, liguei a TV e vi um monte de gente vestindo roupa desconfortável: umas justas demais, outras que não serviam para proteger nem de uma brisa (então para quê usar ela?), dizendo que era a última moda.
Moda? O que será isso?? Mas percebi que para sair de casa eu teria que me vestir parecido com aquela gente.

Ouvindo o rádio, enquanto tomava banho e vestia uma roupa confortável "não tão na moda", fiquei sabendo que haviam pessoas matando pessoas só para tirar delas o que não tinham ainda, no caso era um simples celular. (Celular? O que será isso?) Não entendi o sentido disso. Se eu matar o outro, ou apenas agredí-lo, para tirar dele o celular que é dele e eu não tinha, no fim das contas, alguém ainda está sem o celular, não?!

Confuso, terminei de me arrumar. Saí de casa e quando não havia passado da esquina, minha mãe berrava escandalosamente. Eu não havia trancado a porta de casa. Pedi desculpas. Não entendia porque precisava trancar a porta de casa. Por que alguém iria entrar na minha casa?

Ao caminhar pela rua, por uns 40 minutos, percebi que as pessoas se amontoavam em caixotes sobre rodas. Outras pareciam mais apressadas e iam em caixotinhos menores. Quando cheguei ao local de trabalho perguntei o que era aquilo e me disseram que se chamavam ônibus e carros. E que também tinham as motos. "Mas para quê?" - perguntei. "Para chegarem mais rápido." - disseram. "Mas para quê tanta pressa?" - perguntei. Houve silêncio.

Durante o dia de trabalho, me ensinaram que eu devia ludibriar algumas pessoas, ignorar perguntas de outras, para "me dar bem". E que se eu "me desse bem", seria promovido (para o que?) e ganharia mais dinheiro. Aí me ensinaram que eu poderia comprar as coisas que não tenho (e que posso viver sem!), coisas que "todo mundo" quer ter. Fiz um "ah!" como quem entendeu tudo. É claro que eu entendi o que eles disseram. O que não consegui entender era para quê eu tinha que enganar pessoas, ou comprar barato e vender caro, ou criar demandas que não são necessárias, para no fim do mês ter mais dinheiro e comprar coisas que não me fazem falta mas todo mundo quer ter. Não conseguia entender.

Apesar de trabalhar bastante, me parece que meus patrões não gostaram muito do meu "rendimento". Eu tinha conseguido um ganho (para eles, claro!) de apenas 50%. Eles queriam no mínimo 100% de lucro. Fiquei confuso e um pouco chateado. Aquela matemática deles era estranha demais para mim.

Cheguei em casa depois de uma hora de caminhada. A volta para casa foi mais lenta. Estava cansado e tinha muita coisa no pensamento.

Quando abri as 3 trancas da porta e consegui entrar, o Tuko (um gato preto de estimação) veio brincar comigo e depois voltou a fazer o que estava fazendo: nada. Olhei pela janela e os pássaros que moram na árvore em frente a janela faziam o mesmo de sempre: cantavam enquanto voavam ao redor da árvore. Eles ainda eram da mesma cor que ontem, nada precisou mudar de cor.
As formigas que tinham feito lar aos pés da árvore, faziam o de sempre também. Um vai e vem de trabalhadeiras, com alimento nas costas. Nenhuma delas usava o jeans da moda de hoje (que não será a moda amanhã) e também não pareciam se preocupar com algum regime ou dieta revolucionária.

Me lembrei que há pouco mais de um mês, numa noite como hoje, um casal de cachorrinhos estava do outro lado da rua. Estavam protegendo seus filhotes que me parecia sentirem muito frio. Pus uma manta no chão para se deitarem e se ajeitarem com os filhotes. Pareceram gratos. Desde então, sempre que passo pela rua, eles se aproximam de mim, brincam comigo e ,mesmo quando não tenho nenhum objeto ou alimento para dar, voltam no dia seguinte para receber carinho e se divertirem.

Depois de vislumbrar um pouco desse mundo normal, natural, fui me sentar no sofá e liguei a TV.
Lá dentro da TV todos faziam o mesmo de sempre. Parece que era a única coisa em comum com o resto das coisas.

Eu acho que estava muito louco, porque ali na TV pessoas matavam seus pais, filhos, vizinhos e até desconhecidos. Pessoas que eram eleitas para reger a comunidade só faziam mal ao povo. Também ali mostraram que grupos de pessoas que tinham o poder de criar produtos estavam enganando aqueles que compravam estes produtos. Me ensinaram na TV que minha roupa não servia mais, por mais que eu me sentisse plenamente confortável com ela, me diziam que eu não iria conseguir nenhuma namorada, ou que nunca iria ser reconhecido por minhas qualidades, tudo por causa da minha roupa. Também me ensinaram que eu tinha que ter um super carro. Não entendi muito bem, mas parece que andar devagar não é legal por aqui.

Foi muito estranho ver tudo isso e sentir que tudo aquilo já era assim a muito tempo... será que seria assim de agora para sempre? Será que todo mundo gosta de viver assim??

É, este dia foi muito estranho! Acho que acordei muito louco e não estou vendo as coisas como elas são. Talvez seja isto!

Irei me deitar e quando eu acordar saberei que isto era apenas um sonho!! Não é??

Boa noite!!

Paulo Patux
dopatux@gmail.com



Nenhum comentário:

Postar um comentário